A entrevista audio
Hoje trago-lhe a história de um professor, Nuno Nabais que transformou uma antiga fábrica de metralhadoras no centro de Lisboa – numa autêntica fábrica de cultura com dez anos de actividade contínua e reconhecimento internacional.
A Fábrica de Braço de Prata teve em Lisboa um papel inaugural no movimento de reciclagem de edifícios esquecidos.
Foi criado um regime absolutamente novo de sustentabilidade – é património cultural de Lisboa. Conforme se pode ler no sitio da internet
“Acreditamos que tudo o que tem sido possível na Fábrica exprime alguns conceitos como “soberania”, de “desobediência civil”, de “sustentabilidade financeira”, “independência face a subsídios”. São esses conceitos que permitem que a empresa que gere os proventos não se aproprie de um único cêntimo do orçamento da Fábrica.”
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Nuno Nabais é professor universitário, Filósofo, ensaísta, livreiro e programador cultural. É sobretudo um homem que não se resigna perante as muitas dificuldades. Em conversa para o Audio Press Portugal disse que não foi o sonho que o moveu mas sim, a raiva.
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“Só a raiva levas as pessoas a fazer coisas extraordinárias.”
A Fábrica de Braço de Prata parece um sonho tornado realidade mas só graças a uma raiva imensa foi possível criá-la.
Tem uma história de ocupação tolerada e no tempo recorde de sete dias, uma fábrica abandonada deu lugar a uma autêntica ilha comunitária – de portas abertas – dedicada à cultura e aos artistas.
O antigo dono da fábrica autorizou o professor a criar o centro cultural mas a legalidade ficou pendurada até à compra pela Camara Municipal e por isso foram muitos os processos em tribunal que Nuno Nabais teve que passar nesta década e deixa-nos um enorme elogio à justiça portuguesa – vendo este Professor de Filosofia, os juízes portugueses como grandes exemplos atuais à escala mundial.
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Tem neste espaço sui generis muitos pontos de interesse – uma “sala de jazz com o piano com a sonoridade mais pura de toda a Lisboa”. O nosso Salvador Sobral (vencedor da Eurovisão 2017) é um dos filhos desta casa.
Recebe concertos, exposições, vende bons livros a um euro, apoia os artistas com a venda de obras de arte e o valor pedido à entrada a quem visita já raramente se vê no panorama nacional, permitindo a que quem tenha dificuldades económicas consiga aceder ao melhor que se vai fazendo.
O truque diz, é simples: vender bacalhau e cerveja (é assim que a Fábrica se sustenta).
Contou ainda numa entrevista à revista Caliban que “se uma editora não está a vender livros suficientes, abra um quiosque na editora.”
Neste espaço oferece-se cultura. Há mais de uma década. E como prenda de aniversário desejam apenas continuar a continuar a dar cultura às pessoas e que se sintam em casa.
Eu sinto-me em casa na Fabrica de Braço de Prata; há qualquer coisa de berço, de coisas sempre a nascer por lá.
Neste 10º aniversário a Fabrica de Braço de Prata vai mostrar o melhor que se fez no plano da música durante uma década; vão estar de portas abertas e com a cerveja a baixo custo.
Por fim, conheça o futuro desta fábrica de cultura que não pára de nos surpreender.
Parabéns à Fabrica de Braço de Prata por dez anos de actividade.
Estão a fazer 10 anos e os planos para o futuro são tão ambiciosos como no primeiro dia.
Nota: Depois de editada esta peça o Professor fez-me chegar este elogio, o suficiente para me dar força a continuar com este meu projeto. Mafalda Ramos